A Polícia de Segurança Pública (PSP) já é parceira ativa do Programa EUSOUDIGITAL – Programa de Capacitação Digital de Adultos.

O protocolo de cooperação foi assinado, ontem, pelo Diretor Nacional Adjunto da Unidade Orgânica de Operações e Segurança, Superintendente-chefe Constantino José Mendes de Azevedo Ramos e pela Coordenadora do Programa EUSOUDIGITAL, Elisabete Macieira. Define as bases de uma relação institucional entre a PSP e o Programa EUSOUDIGITAL, cujo propósito é promover a capacitação digital de centenas de milhares de adultos em Portugal até ao final de 2023, apoiada numa rede de milhares de voluntários e de mais de uma centena de Centros EUSOUDIGITAL a nível nacional.

“No mês em que se assinalam, simultaneamente, o Mês das Competências Digitais e o Dia do Idoso, é importante atuarmos sobre a iliteracia digital em Portugal, porquanto potencia a marginalização de importantes segmentos da população, nomeadamente por não conseguir aceder a um conjunto de serviços já facilmente disponíveis online e, adicionalmente, cria condições para a vitimização em tipos específicos de crime, principalmente entre as pessoas das gerações que tomaram conhecimento do mundo digital já em idade adulta”, sublinha a PSP.

Segundo os dados da Autoridade Nacional de comunicações (ANACOM), Comissão Europeia e Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal é o quarto país da UE em que a iliteracia digital é a principal razão para que as pessoas não acedam à internet: 18% de pessoas nunca a utilizaram, contra os 9% da média europeia; 50% das pessoas em Portugal utiliza sites de partilha de conteúdo multimédia, blogues ou ferramentas de partilha de conhecimento baseadas em wikis (53% na UE) e também se utiliza menos internet banking (47% para 57%).

A crise pandémica registada em 2020-2022 levou a que muitas pessoas recorressem ao mundo digital para contornar o isolamento, por vezes, com diminuto apoio e por iniciativa própria. Embora (altamente) louvável, poderá ter contribuído para o aumento dos casos de criminalidade registada pela PSP neste domínio, principalmente, entre este segmento populacional, a que urge responder ativamente. A PSP, no ano de 2021, registou quase 900 denúncias do crime de burlas informáticas e nas comunicações a cidadãos com mais de 65 anos, fenómeno que tem aumentado ao longo dos últimos anos.

“A PSP, naturalmente, acompanha esta realidade e implementa diversas estratégias de contenção e minimização deste problema. Se já o fazemos em contexto de escolaridade obrigatória, nos últimos 5 anos foram mais de 9000 ações escolares de âmbito digital, consideramos crucial levarmos mais longe esse trabalho e, igualmente importante, trabalhar em parceria”, salienta.

“A nossa aposta no policiamento de proximidade, já com várias décadas de experiência, hoje, tem de ser transportada cada vez mais para o mundo digital, apoiando as pessoas a interagir com segurança neste domínio e prevenindo a prática de crimes”, continua.

Este programa está disponível a todos os cidadãos com pouco ou nenhum contacto com a internet, em particular os adultos com mais de 45 anos que pretendam adquirir competências digitais básicas essenciais ao seu quotidiano, permitindo uma melhor adaptação às novas realidades sociais e de emprego.

Pretende, ainda, combater o isolamento através do acesso a ferramentas digitais de comunicação, como pesquisas online e utilização de redes sociais, assim como os aspetos essenciais da utilização da internet em segurança e privacidade.

Neste contexto, 397 Polícias afetos ao policiamento de proximidade a nível nacional já integram o corpo de mentores, apoiando ativamente a causa de promoção da capacitação digital segura da comunidade sénior, apoiando-a no recurso às novas tecnologias e alertando-os para os perigos associados à sua utilização (cibercriminalidade), prevenindo a sua ocorrência.

É nesta qualidade de mentores/voluntários que integraram a operação A Solidariedade não tem Idade, apoiando cidadãos com mais de 65 anos a interagir no mundo digital. Nestes 10 anos de operação, da qual se pretende sinalizar pessoas idosas em situação de risco e ou a necessitar de apoio (de qualquer ordem) para manutenção de um nível de vida condigno, a PSP sinalizou cerca de 12 000 idosos, dos quais 10 440 em risco e 10 081 foram encaminhados de imediato para instituições de apoio. Das sinalizações realizadas verificam-se que maioritariamente são situações de falta de autonomia, falta de acompanhamento médico ou familiar e por isso uma ausência de rede de contactos e por fim pessoas que foram sujeitas a qualquer tipo de violência ou vítimas reiteradas de crime.

“A interação contínua da PSP com a população, o nosso conhecimento das realidades sociais, a nossa permanente disponibilidade para a interação com cada potencial aluno, contribuirão para que o programa alcance uma importante projeção para que a sociedade portuguesa atinja os resultados desejados de literacia no âmbito digital”, conclui a PSP.

Foto: PSP.