Durante os dois dias de evento, a feira reuniu cerca de 60 expositores, que apresentaram soluções inovadoras e tecnológicas que estão a impactar o setor da vinha e do vinho. O certame voltou à Exponor com o objetivo de se posicionar como o maior evento nacional no ramo, promovendo empresas de referência internacional

Após 16 anos de interregno, a Feira Enotécnica regressou ao parque de exposições de Leça da Palmeira para demonstrar a força do tecido empresarial do setor do vinho, com cerca de 60 empresas expositoras e 2164 visitantes, entre produtores e especialistas, reunidos num ambiente de inovação, networking e oportunidades de negócio.

“Acreditamos que este é um setor valioso na economia nacional e que uma feira com as características da Enotécnica era uma necessidade real. As empresas e entidades do setor provaram-nos que estávamos na direção certa, participando com entusiasmo e demonstrando o compromisso e a resiliência de todo o cluster”, salienta Amélia Estevão, Diretora de Marketing da Exponor

Além dos visitantes nacionais, destaca-se também a presença de público além-fronteiras de vários continentes, tal como o europeu (Espanha, França, Itália, Alemanha, Áustria e Dinamarca), americano (EUA e Brasil) e asiático (China).

A garrafa de vidro “mais leve de sempre” e as inovações do PRR de milhões

Em destaque na edição de regresso esteve o Espaço Vine&Wine, no qual participaram algumas das empresas do consórcio com o mesmo nome. O projeto, liderado pela Granvinhos, faz parte das Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial, apoiadas em 41 milhões de euros pelo PRR (Plano de Recuperação e Resiliência e pelos Fundos Europeus).

Este consórcio reúne 44 entidades do setor produtivo, tecnológico e de investigação, que estão a desenvolver soluções para enfrentar os desafios que o ramo enfrenta. Dos PPSs (Produtos, Processos e Serviços) em desenvolvimento, destacaram-se, durante o evento, um robô para executar tarefas de fertilização, que pretende colmatar a falta de mão de obra na agricultura e que está a ser desenvolvido pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC). Foi ainda destacado o drone multirotor pulverizador, a ser desenvolvido pela UAVision. Este protótipo pretende substituir os tratores na tarefa de pulverização, colmatando o problema da destruição da qualidade do solo e evitando o elevado consumo de energia. A representar um investimento de 1,5 milhões de euros, estima-se que este PPS estará concluído até ao final do ano.

O consórcio Vine&Wine coordenou, ainda, a realização de workshops e conferências no programa “Jornadas Técnicas”, de modo a garantir a troca de conhecimento. No total, passaram mais de 500 participantes na dinâmica.

Quanto às empresas que expuseram as suas soluções, a pausa de mais de uma década não afastou o seu interesse de participação. Para a Sáez Ortega, que marcou presença com a marca Posviman, esta foi uma estreia numa feira do setor a norte do país. O grupo espanhol entrega postes metálicos para vinhas e é uma referência a nível nacional e internacional. Com 25 anos de experiência, assumem mercado em 25 países e, em território nacional, têm clientes do Douro ao Alentejo. Fernando Peres Martinéz, diretor comercial, explica que ficaram surpreendidos com a afluência de pessoas, principalmente, por captar um público apenas profissional e técnico, o que lhes permitiu fazer bons contactos.

Um dos stands de destaque da edição foi a francesa Verallia, o terceiro maior produtor mundial de embalagens de vidro para alimentos e bebidas. Com soluções inovadoras, a empresa é detentora de 32 fábricas, em 12 países. Em território nacional, com sede na Figueira da Foz, onde produzem 500 milhões de garrafas por ano, empregam 250 pessoas. Nesta feira, a principal inovação que apresentaram foi “a nova garrafa Bordalesa, a mais leve de sempre, com apenas 300 gramas (Bord AIR 300g)”. Luís Beata, responsável de marketing da empresa, explica que a solução “reflete o compromisso da Verallia em reimaginar o vidro para um futuro sustentável”. Quanto à presença na Enotécnica, que foi uma estreia, o mesmo refere que há margem para melhorar no futuro, principalmente, na questão da dimensão, contudo, ficaram surpreendidos com o número de visitantes e de clientes, quer novos, como recorrentes.

O interesse em manter-se este evento profissional foi mencionado pelas empresas presentes e o desejo foi ouvido, assim, a Enotécnica regressa em 2026, em regime bienal.

Foto: DR.