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Grupo 3B’s, da Universidade do Minho, cria, pela primeira vez, fibras óticas vivas

Utiliza açúcares de algas e bactérias e tem aplicações em bioengenharia, cancro e na deteção de COVID-19. Baseia-se na tese doutoral de Carlos Guimarães, que é defendida hoje

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O Grupo de Investigação 3B’s da Universidade do Minho (UMinho), numa colaboração com o Canary Center for Cancer Early Detection da Universidade de Stanford (EUA), criou, pela primeira vez, estruturas biológicas similares às fibras óticas, utilizando açúcares de algas e bactérias. O seu fabrico é rápido e barato, permitindo, por exemplo, detetar forças físicas, detetar a COVID-19 ou gerar modelos 3D de doenças como o cancro.

O trabalho foi o tema de capa da revista Advanced Materials, uma das melhores do mundo na área. O estudo foi já elogiado internacionalmente nos portais Advanced Science News e Nanowerk. A investigação foi realizada pelo aluno de doutoramento Carlos Guimarães, orientado pelos professores Rui L. Reis (UMinho) e Utkan Demirci (Universidade de Stanford). É precisamente esta sexta-feira, às 17h00, na plataforma online Zoom, que Carlos Guimarães defende a tese de doutoramento em Engenharia de Tecidos, Medicina Regenerativa e Células Estaminais, perante um júri que integra professores da Universidade de Berkeley (São Francisco) e do Georgia Institute of Technology (Atlanta), mostrando como se combinou de forma original a ótica, a bioengenharia e a microfluídica.

Capa da revista (Imagem: DR)

A tese é baseada em dois artigos de revisão, cinco artigos experimentais e duas patentes, destacando-se publicações em revistas de alto fator de impacto, nomeadamente Nature Reviews Materials, Advanced Materials, Materials Horizons, Cancer Letters, Applied Materials Today e Current Opinion in Biotechnology. Todo o trabalho foi realizado no âmbito da bolsa avançada do Conselho Europeu de Investigação de Rui L. Reis, para o projeto ComplexiTE. A manipulação e criação de estruturas baseadas em hidrogéis é estudada há vários anos no Grupo 3B’s do I3Bs – Instituto de Investigação em Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos da UMinho, baseado no AvePark, em Guimarães.

Uma nova classe de fibras

A sociedade conhece a fibra ótica por ser capaz de transmitir informações a grande velocidade na Internet. Mas esse sinal de luz propagado num tubo de vidro comprido e mais fino do que um cabelo permite também a deteção biológica, como guiar a luz numa amostra e (des)ativar células cerebrais com feixes de luz para tratar distúrbios. Porém, o vidro não é genericamente biocompatível e não é biodegradável. Os cientistas criaram neste estudo fibras óticas únicas e originais baseadas em hidrogéis, compostas sobretudo por água e que permitem à luz comunicar dentro do corpo, ao integrar tecidos, estimular células e detetar fenómenos biológicos.

Os cientistas desenvolveram e patentearam uma nova classe de fibras óticas à base de açúcares naturais. Estas estruturas de hidrogéis flexíveis permitem detetar deformações mecânicas ou a presença de biomoléculas e vírus tais como o SARS-CoV-2, usando luz, mas também transportar entidades vivas como células humanas. Além disso, explorando a interação entre sinais óticos e tumores, permite-se digitalizar, por exemplo, o crescimento de um mini-cancro no interior da fibra, facilitando o teste de fármacos anti-tumorais de forma quantitativa e extremamente rápida. Esta tecnologia é facilmente adaptável e pode integrar células de pacientes específicos para testar terapias, o que é um avanço importante no contexto de medicina regenerativa e de precisão.

Transporte de luz na fibra (Foto: DR)

A equipa luso-americana quer, agora, aplicar a inovação na caraterização do microambiente de cada tumor, o qual é decisivo na metástase. Pensa, ainda, mimetizar este tipo de fibras em órgãos e tecidos, como o sistema neuronal, as fibras musculares e o trato intestinal, entre outros.

Detetar vírus e tumores

Ao contrário do vidro, extremamente denso, os açúcares que foram usados neste estudo (goma gelana e alginato, materiais tipicamente usados pelo grupo 3B’s) formam uma rede 3D menos densa e permissível, por exemplo, a diversos vírus como o SARS-CoV-2, que são, assim, detetados ao usar nanopartículas que os liguem e causem uma alteração na resposta ótica, podendo ser facilmente acopladas a uma zaragatoa médica. A estrutura dos hidrogéis permite, por outro lado, integrar células vivas nestas fibras, refere Carlos Guimarães.

Mini-tumor em crescimento no interior da fibra (Foto: DR)

Os investigadores demonstraram, na mesma zona central da fibra ótica, que é possível criar fibras onde células de cancro gradualmente progridem até surgir um mini-tumor, o qual cresce e responde a terapias tal como um cancro vivo. Utilizando a interação com a luz, o complexo processo de crescimento tumoral foi detetado e quantificado pelo sinal ótico de forma quase imediata, como se se tratasse de abrir uma nova página web no computador. Ou seja, pode assim acompanhar-se o crescimento do modelo de cancro usando luz e descobrir-se a quantidade ideal de determinado fármaco para inibir o seu crescimento, explica o cientista Rui L. Reis, diretor do Grupo 3B’s da UMinho.

À medida que a luz viaja pela fibra, mudam as características, a densidade das células, a proliferação e a presença de biomarcadores de interesse, entre outros aspetos. Esta interação luz-células ajuda depois a digitalizar eventos biológicos complexos, como a proliferação de células tumorais num ambiente 3D e a sua suscetibilidade a fármacos, convertendo-os em números e dados, em poucos segundos. Este desenvolvimento, agora patenteado, nunca tinha sido reportado na literatura científica. Este tipo de estruturas pode ser fabricado de forma rápida e simples. Isto é, as fibras podem ser produzidas com células extraídas de pacientes específicos, gerando um instrumento de teste de terapias e a rápida descoberta do melhor fármaco a usar para tratar cada paciente de forma personalizada.

A investigação em bioengenharia depende, cada vez mais, de grandes conjuntos de dados, logo é urgente encontrar formas de digitalizar processos biológicos. Os desafios passam também por criar ferramentas universais e originais que sejam capazes de gerar informação relevante, mantendo a necessária simplicidade. Este tipo de plataforma única expandirá o acesso à bioengenharia e a modelos 3D de tecidos vivos, saudáveis ou doentes, e a sua rápida análise por cientistas em todo o Mundo.

Imagens: DR.

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PSP de Santa Cruz (Madeira) apreende cerca de 100 artigos furtados

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A PSP apreendeu, no dia de ontem, de cerca de 100 artigos de bijuteria, em cor prateada e dourada, os quais apresentam fortes indícios de terem sido furtados.

A ocorrência teve lugar na cidade de Santa Cruz, após a patrulha policial ter sido acionada para uma tentativa de furto em residência, na zona do Caniço. Após percorrer algumas artérias nas zonas adjacentes, foi possível localizar dois suspeitos desta prática, uma mulher de 47 anos de idade e um homem de 38 anos de idade.

Na sua interceção, os mesmos detinham na sua posse os seguintes objetos: 13 relógios de pulso de diversas marcas; 12 colares; 30 anéis, 09 dos quais em cor dourada, com pedras; 32 brincos; 08 broches e alfinetes de Senhora em diversas cores e com pedras; 06 braceletes; 01 peça de bijuteria em formato do Galo de Barcelos, em cor dourada; 02 sinos em cor dourada; 01 alfinete de gravata; diversas moedas de colecionador, nomeadamente: “Batalha de Ourique 1139-1140”; “ Arte Namban 1543-1639”; “Colombo e Portugal”; “Elizabeth II”; e “Tratado de Tordesilhas”.

Apesar de nenhum destes artigos pertencerem à residência que foi alvo de tentativa de furto, os mesmos foram questionados quanto à sua proveniência, não tendo justificado a sua posse. 

Por existirem fortes suspeitas da prática do crime de furto os objetos foram apreendidos, seguindo-se agora a investigação para apurar os seus legítimos proprietários.

Foto: PSP.

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“Méduse” chega ao MUSCARIUM#11 – Festival de Artes Performativas em Sintra

Depois de passar pelo Festival d’Avignon

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O coletivo francês Les Bâtards Dorés estará em Portugal, pela primeira vez, para apresentar o espetáculo “Méduse”, no âmbito do MUSCARIUM#11 – Festival de Artes Performativas em Sintra, organizado pelo teatromosca.

Duplamente premiado no Festival Impatience, em Paris, (Prémio do Júri e do Público) e apresentado, em 2018, no prestigiado Festival d’Avignon, onde foi considerado um dos espetáculos-sensação daquela edição, “Méduse” reabre o processo referente ao naufrágio da Medusa – um dos desastres marítimos mais infames do século XIX. A tragédia atraiu atenção internacional, não apenas pela sua importância política, mas também pelo sofrimento humano e significativa perda de vidas que envolveu. O episódio foi igualmente perpetuado na célebre obra “A Balsa da Medusa”, de Théodore Géricault.

Em “Méduse”, o coletivo francês encena um julgamento que dista 200 anos deste naufrágio: um duelo verbal onde se procura encontrar culpados, uma resposta, uma explicação para os acontecimentos e questiona se será possível formular um julgamento sem se ter vivido a experiência. A partir desse questionamento, a dramaturgia desmorona-se para dar lugar à performance e à experimentação. Longe da História e das suas versões oficiais, Les Bâtards Dorésmergulharão com o público no abismo.

Ainda dentro do MUSCARIUM#11, este jovem coletivo francês também mergulhará no início do processo de criação do espetáculo “Matadouro” em coprodução com o teatromosca, com banda sonora original de The Legendary Tigerman e estreia marcada para 2026. Afirmando a aposta na internacionalização, o teatromosca estará, do mesmo modo, a trabalhar na coprodução que une a companhia de dança finlandesa Kekäläinen & Company, a companhia de dança da Galiza, Colectivo Glovo, e a companhia de teatro Leirena Teatro, de Leiria, “Conversas com Formigas”, que estreará igualmente em 2026.

Celebrando a francofonia, a décima primeira edição do MUSCARIUM contará ainda com mais dois espetáculos de companhias francesas, “éMOI”, de Tiphaine Guitton, pela Petite Compagnie, e “L’Invention du Printemps“, pela La Tête Noire – La Compagnie.

Em 2025, o festival estende-se até à Alliance Française de Lisboa, onde decorrerá um encontro dedicado à criação teatral contemporânea francesa e onde poderá ser visitada a exposição “Micro-Folie”, uma experiência digital que junta mais de cinco mil obras de arte de diferentes instituições culturais.

O MUSCARIUM#11 decorrerá de 1 a 21 de setembro, em vários espaços do concelho de Sintra e reunirá artistas e companhias como a Imaginar do Gigante, MUSGO Produção Cultural, Krisálida, Mia Meneses,María de Vicente e Tristany Munduque apresentará um concerto-performance único na emblemática Sala da Música do Palácio de Monserrate.

A programação completa do MUSCARIUM#11 poderá ser consultada em www.teatromosca.com e inclui espetáculos de teatro, dança, música, performance, debates, lançamentos de livros, conversas e encontros entre públicos e artistas. Destaque para o debate sobre o futuro da cultura em Sintra, no âmbito das eleições autárquicas 2025 e que terá a presença dos principais candidatos e candidatas à presidência da Câmara Municipal de Sintra.

Os bilhetes para os espetáculos já se encontram à venda na BOL e locais habituais, com valores que variam entre os 5 € e 7 €. O concerto-performance de Tristany Mundu tem o valor único de 12 €. Os ensaios abertos, debates, lançamentos de livros, encontros e a festa de encerramento do festival são de entrada livre.

Imagem: DR.

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Torne-se amigo da Metropolitana de Lisboa na temporada 2025/2026

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A Metropolitana de Lisboa, criada em 1992, desenvolve um projeto único no contexto nacional e muito raro no panorama internacional. Assenta o seu valor numa atuação transversal, cruzando o ensino especializado com a prática da música. Uma orquestra (OML) e três escolas (Conservatório de Música, Escola Profissional e Academia Nacional Superior de Orquestra) dão corpo a este projeto musical de eleição, que tem vindo a formar centenas de músicos profissionais.

O quotidiano da Metropolitana caracteriza-se pela convivência de diferentes gerações num mesmo edifício (a sua sede, instalada no edifício da antiga Standard Eléctrica, em Lisboa), com a energia inerente à intensa partilha musical entre alunos, professores, músicos profissionais e funcionários administrativos.

Para que este projeto possa consolidar-se e crescer, não basta a atividade que todos eles desenvolvem. A música que fazemos tem como destinatário o público. Sem ele, a nossa missão ficaria incompleta; com ele, ainda podemos fazer mais.

Junte-se aos Amigos da Metropolitana, um grupo de associados que, através do seu contributo e da sua presença, é chamado a participar ativamente na vida da instituição.

Imagem: ML.

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