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“Upside Down Cuppa Coffee”, de Afonso Molinar

O tempo da ação é uma sinapse; uma pausa; um momento de relaxamento. Uma pausa para café. Presentes estão quatro jovens, envolvidos numa rede de conhecimentos da qual não têm consciência.

Num momento de incerteza acerca das próprias identidades e experiências, estes refletem sobre o seu passado próximo comum. A confusão entre a realidade e a ficção instala-se neles próprios e, presos no momento, procuram o sentido dos acontecimentos enquanto partilham um café com os membros do público.

Upside Down Cuppa Coffee é a primeira produção do teatroàfaca. Tendo começado o processo de criação em maio de 2017, com uma equipa diferente daquela com que viria a estrear a 25 de abril de 2018. O conceito base partia de criar um momento de partilha de uma história na primeira pessoa, com vários pontos de vista, sendo esse também um momento de pausa em que o conforto do café e a tensão da narrativa combatem entre si.

Em 2023, e após muitas outras produções, volta a colocar este texto em cena e a relembrar que o teatro também pode ser isto: um momento coletivo de partilha em que o mundo fora da sala para, e somos transportados para outra realidade, sem necessidade de grandes artifícios e condições técnicas.

Apesar de manter o título, é um espetáculo diferente do original. O elenco é outro, já não existem vídeos e o texto foi adaptado para melhor retratar aquilo que é o mundo seis anos depois. Mantém-se o formato, mantém-se a estética, mantém-se o foco do trabalho em companhia, mas reduzido àquilo que transformava o espetáculo numa experiência – a criação de uma ligação direta entre ator e espetador.

Antes de cada texto, é mostrada uma fotografia tipo Polaroid projetada. Há também ali uma história a ser contada, que será importante para a conexão das várias narrativas. As fotografias que vemos passar funcionam como um quinto intérprete, o único acesso direto a acontecimentos passados.

A interação entre atores e público é proposta e surge naturalmente. O público poderá responder a alguma pergunta e curtos momentos de diálogo poderão surgir. Como num rasgo, o momento de pausa é interrompido, o espetáculo termina, e a vida fora daquela sala continua.

Uma criação de Afonso Molinar, com Direção de Produção de Diana Especial, Produção de Laura Ribeiro d’Almeida, com Afonso Molinar, Fábio Batista, Pedro Peças e Rita Silvestre. Fotografia de Afonso Molinar, apoio à produção da Avenidas – Um teatro em cada Bairro, Câmara Municipal de Lisboa, Sistema SMOP e Centro Cultural Malaposta / Minutos Redondos / Câmara Municipal de Odivelas. Agradecimentos à Delta Cafés.

Em cena a 14 e 15 de abril – 19h00, no Avenidas – Um teatro em cada Bairro, Lisboa; 21, 22 e 23 de abril – 19h00, na Sociedade Musical Ordem e Progresso, Lisboa; 27, 28 e 29 de abril – 20h30 e 30 de abril – 16h30, no Centro Cultural Malaposta, Odivelas.

Foto: DR.

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