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teatromosca estreia espetáculo com texto inédito em Portugal de Nobel da Literatura

A mais recente criação da companhia sintrense teatromosca, “Os Protegidos”, texto inédito de Elfriede Jelinek, vencedora do Prémio Nobel da Literatura em 2004, relata os desafios e as angústias de um grupo de refugiados que procurou asilo na Áustria em 2012.

“Os Protegidos”, texto inédito de Elfriede Jelinek, vencedora do Prémio Nobel da Literatura em 2004, é baseado num acontecimento real – a presença em território austríaco, no final de 2012, de cerca de 100 refugiados de várias nacionalidades e em busca de asilo. Jelinek convoca uma polifonia de vozes, as quais denunciam o modo displicente, cobarde e inadmissível como o Estado austríaco entendeu tratar esta trágica ocorrência, e o imediato e simultâneo enfurecimento de grupos de extrema-direita a propósito da presença em Viena desse conjunto de estrangeiros. O texto tem vindo a ser revisto pela autora, procurando, de certo modo, expandir o assunto da peça em direção a outros tempos da História da Humanidade, criando novas possibilidades de articulação com a situações atuais. O carácter reflexivo de todo o conjunto parece sustentar a ideia de que a humanidade pouco ou nada muda e não aprende com os seus próprios erros. Jelinek mostra ao espetador o que se verifica entre os refugiados e os outros que são privilegiados, discorrendo num fluxo interminável de palavras que nos conduzem desde os enigmas do capitalismo aos ideais humanistas. Conclui-se que as nossas sociedades são desumanizantes, atribuindo valores às pessoas segundo lógicas perversas. Encontra-se presente no texto a referência à peça “Suplicantes” de Ésquilo na qual as Danaides, fugidas da sua terra mãe, pedem proteção e asilo ao Rei de Argos, na Grécia, e aí são acolhidas. Curiosa é a inversão de sentido no título adotado por Jelinek em relação ao título da peça de Ésquilo.

O espetáculo tem direção artística de Pedro Alves, tradução e dramaturgia de Anabela Mendes e é uma coprodução do teatromosca, Colectivo Glovo, Teatro Diogo Bernardes, Teatro Nacional S. João e Theatro Circo. A interpretação é de João Pedro Leal, Philippe Araújo, Rafael Barreto e Rita Morais e a banda sonora original é interpretada ao vivo pela violinista Maria da Rocha. A cenografia é da autoria de Pedro Silva, os figurinos de Catarina Graça e o desenho de luz de Carlos Arroja.

A companhia encontra-se, neste momento, numa residência artística com a duração de dez dias, em Lugo, na Galiza, cujo trabalho culminará na antestreia do espetáculo, no dia 11 de novembro, no Auditorio Municipal Gustavo Freire. Já a estreia está marcada para o dia 23 de novembro, às 21h, no AMAS – Auditório Municipal António Silva, em Agualva-Cacém, continuando em cena de quinta-feira a sábado, até ao dia 2 de dezembro. O espetáculo terá igualmente uma transmissão em direto e em simultâneo no palco virtual do teatromosca na BOL a 25 de novembro.

Os bilhetes para “Os Protegidos”, no AMAS – Auditório Municipal António Silva, já se encontram à venda na BOL e locais habituais, com valores que variam entre 5 € e 7 €.

Imagem: Catarina Lobo.

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