Site icon Jornal A Nação

“PENÉLOPE” volta aos palcos: Um olhar sobre a condição da mulher na Guerra Colonial Portuguesa

Nos dias 14 e 15 de outubro, o espetáculo de teatro PENÉLOPE volta a estar em cena, no Auditório Municipal António Silva (AMAS), em Agualva-Cacém. Uma produção RUGAS com o acolhimento do teatromosca.

Com direção artística e interpretação de Patrícia Susana Cairrão, e cocriação de Ricardo G. Santos, a RUGAS dá continuidade ao ciclo de criações do triénio de 21, 22 e 23, centradas na condição da mulher. Este ciclo iniciou-se em outubro de 2021, com a estreia de “PENÉLOPE”, uma mulher e a sua condição de espera, no Portugal da Guerra em África, e volta agora, com a sua reposição.

Uma criação a vários tempos, com os seus respetivos pontos de vista; um espetáculo performativo, que teve estreia a 22 de outubro de 2021, que exercita uma reflexão sobre a memória, a vida e a morte, sobre esta condição feminina, sobre a história humana impregnada de guerra, neste contexto específico da Guerra Colonial Portuguesa, nos anos 60 e 70, do séc. XX.

A sessão contará, ainda, com um momento de conversa aberta ao público, no final do espetáculo, com Ricardo G. Santos e Patrícia Susana Cairrão, sobre os temas abordados no espetáculo, e dando a conhecer o processo criativo e de pesquisa decorrente da sua produção.

“PENÉLOPE” é uma criação artística de cruzamento entre a arte performativa e visual, com recurso a pesquisa de arquivo e espólios particulares, de cartas, aerogramas, fotografias, testemunhos reais e ainda à consulta da obra “SINAIS DE VIDA”, de Joana Pontes, consultora do trabalho de pesquisa e investigação dramatúrgica neste projeto, para a contaminação de um objeto artístico, simultaneamente documental e ficcional.

Assume-se como ensaio sobre a espera vs. autonomia e liberdade, do ponto de vista do ser feminino. Inspirados no mito clássico de há 24 séculos atrás, revisitamos uma condição, de génese feminina, que ainda no século XXI se verifica. A mulher que espera. Uma condição quase inerente ao ser feminino, pela transversalidade histórica do seu papel social, a mulher que espera o homem que partiu para a guerra.

“PENÉLOPE” nasce pela necessidade de contribuir para a preservação da(s) memória(s): a não institucional, a da contra-narrativa de uma ideia de império e que nos implica a todos e a todas, os homens e as mulheres que viveram na vigência dessa ideia, e vivemos, ainda hoje, os seus efeitos; e as particulares, de vidas reais, que sofreram o trauma da separação, da impotência, da dúvida de uma guerra que não era sua, da vida suspensa e da morte a pairar sobre ela.

Foto: DR.

Exit mobile version