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CNA defende que agricultores e populações rurais afetados pelos incêndios devem ser rapidamente apoiados

O rasto de destruição dos violentos e extensos incêndios ainda não é inteiramente apurável – os fogos ainda progridem – mas já arderam florestas e matos, habitações, estruturas agropecuárias, máquinas e alfaias, culturas permanentes, como fruteiras e olivais, e culturas temporárias como batatais, searas ou pastagens.

De acordo com dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), desde o início deste ano, arderam 38.591 hectares, o que supera já, em mais de 10 mil hectares, a área ardida em todo o ano de 2021.

Além dos prejuízos imediatos, “os agricultores e as populações rurais veem comprometido o seu sustento, com a destruição do potencial produtivo das suas explorações e, na pecuária, as dificuldades agravam-se com a destruição das poucas forragens e pastagens que foram escapando à seca”, considera a CNA – Confederação Nacional da Agricultura.

Face à situação, “a CNA expressa a sua solidariedade às populações e aos agricultores afetados e reclama ao Governo, e demais Órgãos de Soberania, o rápido apuramento dos prejuízos provocados e da incapacidade temporária para produzir para que, também de forma célere, sejam definidas medidas de apoio”.

“São necessárias indemnizações para os agricultores e para as populações rurais com culturas, estruturas e habitações destruídas, apoios para reposição do potencial produtivo perdido e ajudas à alimentação dos animais, além de outras necessidades sentidas e identificadas no terreno”, sublinha.

CNA repudia declarações que atiram culpas para cima dos pequenos e médios proprietários

“As políticas de prevenção de incêndios, que devem ser uma prioridade, continuam sem surtir os efeitos necessários apesar de muito discutidas após os violentos incêndios de 2017”, acusa a CNA.

“Se os incêndios voltaram, em extensão e intensidade, logo que se reuniram determinadas condições atmosféricas, importa desmontar a teoria que alguns governantes têm insinuado em praça pública – como que a sacudir a cinza do capote – segundo a qual, a culpa é do clima e dos pequenos e médios proprietários florestais e das populações rurais”, assevera.

“Não! Os pequenos e médios agricultores e produtores florestais não são culpados, são vítimas de décadas de más políticas agro-rurais, ditadas pela Política Agrícola Comum (PAC) e por sucessivos Governos, que, incentivando a produção dita competitiva e industrial, têm expulsado as populações das suas aldeias e das suas serras, onde hoje progridem monoculturas intensivas que se estendem continuamente por centenas e centenas de quilómetros seguidos”, refere a CNA.

“Na base mais profunda da extensão e violência dos incêndios rurais radica a ruína da Agricultura Familiar, modelo de produção que, conjugando a atividade agropecuária com as florestas, cria mosaicos de vitalidade no território, servindo de barreira à progressão dos violentos incêndios. Nas serras e nas encostas onde hoje grassam as chamas, consumindo material combustível acumulado, já pastorearam rebanhos”, lamenta.

“Para evitar a extensão e violência dos incêndios, além do reforço dos meios de combate, são necessárias outras políticas que promovam o ordenamento florestal e a gestão ativa da floresta multifuncional e de uso múltiplo, que garantam preços justos e escoamento da produção agroflorestal e a revitalização da Agricultura Familiar e do Mundo Rural”, propõe.

Foto: DR.

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