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Antigo Convento do Carmo em Lisboa revelado em 3D

Como era a igreja do Convento do Carmo, em Lisboa, antes do terramoto de 1755? Uma equipa europeia liderada pela Universidade do Minho (UMinho) apresenta amanhã, às 10h00, naquele local, uma aplicação móvel e um livro que permitem ver o invisível. Por exemplo, “reconstroem” o templo, mostram o interior das colunas e simulam efeitos de um eventual sismo. O objetivo é servir o público, apoiar técnicos nesta área e replicar a inovação em monumentos pelo mundo.

Engenheiros, arqueólogos, arquitetos e historiadores de arte vão assim divulgar os resultados do projeto científico Heritage Within, que nos últimos dois anos juntou a Escola de Engenharia da UMinho, o Conselho Superior de Investigações Científicas de Espanha (CSIC), a Universidade Politécnica de Madrid e o Conselho Nacional de Investigação de Itália, sendo financiado pelo Programa Europa Criativa, da UE.

“O cidadão vai ver além da superfície, sabendo como cada coluna foi construída e qual a sua composição, pois poderá notar partes deterioradas, fendas a tratar, a distribuição da carga ou o tipo de material do núcleo das colunas”, diz o investigador coordenador, Javier Ortega. A app, designada Carmo integrated analysis, permite, ainda, ver no local e remotamente uma hipótese de como era a igreja original. Já o livro Heritage Within tem 120 páginas e, em breve, fica também ao dispor em PDF.

A sessão de apresentação conta com as boas-vindas de José Arnaud e Célia Pereira, do Museu Arqueológico do Carmo. Seguem-se os detalhes dos cientistas sobre a reconstrução 3D e o uso das tecnologias, como tomografia ultrassónica, radar penetrante terrestre e o potencial do uso da realidade virtual e aumentada para o diagnóstico de estruturas históricas.

Museu Arqueológico do Carmo (Foto: DR)

Para imóveis históricos no mundo

As ruínas do Carmo são o estudo-piloto do projeto, mas a ideia é que o formato seja aplicável para ruínas e edifícios históricos de todo o mundo, inclusive os que são Património Mundial. “Temos uma abordagem inovadora que permite fruir e valorizar o património cultural construído, mostrando com as novas tecnologias o que está invisível e completando o monumento”, frisa Javier Ortega. Aliás, continua, “isto permite também à sociedade compreender melhor a cultura, o trabalho dos peritos e a importância das tecnologias envolvidas”. O engenheiro civil e arquiteto acrescenta que este tipo de plataformas é útil para outros técnicos, pois pode ajudar na interpretação dos resultados e no diagnóstico.

Equipa do projeto (Foto: UMinho)

Javier Ortega fez, na UMinho, o mestrado europeu em Análise Estrutural de Monumentos e Construções Históricas, o doutoramento e pós-doutoramento em Engenharia Civil e investigou no Instituto de Sustentabilidade e Inovação em Engenharia de Estruturas. Atualmente é Marie Sklodowska-Curie fellow no Instituto de Tecnologias Físicas e da Informação “Leonardo Torres Quevedo” do CSIC. Passou ainda pelas universidades Politécnica de Madrid (Espanha), de Estudos de Pádua (Itália) e de Arte de Glasgow (Reino Unido). Fez trabalhos em vários países, como na mesquita do Imã Khomeini (Irão), na ponte de Brooklyn (EUA) e na gare da Beira (Moçambique). Cofundou a associação europeia FENEC e é membro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, afeto à UNESCO.

Fotos: UMinho e DR.

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