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“A Ilha de Morel”, pelo teatromosca: Uma reflexão sobre múltiplas ligações entre o Cinema, a Literatura e as Artes Performativas

O ano era 1940 e Adolfo Bioy Casares publicava “A Invenção de Morel”, romance que viria a tornar-se num clássico da literatura contemporânea. O poeta mexicano Octavio Paz terá escrito que esta obra “podia muito bem ser descrita, sem exageros, como um romance perfeito” e Jorge Luis Borges assegurou mesmo que “classificá-lo como perfeito não seria nem uma imprecisão, nem uma hipérbole.” Avançamos até 2022 e entramos no AMAS – Auditório Municipal António Silva, em Agualva-Cacém, onde a companhia sintrense teatromosca,em coprodução com a Cães do Mar, estrutura sediada em Angra do Heroísmo, trabalha a partir desta obra, com um texto original de autoria do poeta, editor e académico, Fernando Guerreiro.

A narrativa inicia-se quando um fugitivo chega a uma ilha remota que julga deserta, acabando por perceber que não se encontra sozinho. Escondendo-se no interior da floresta, começa por escutar vozes e melodias, espia os intrusos, para quem parece ser invisível, e testemunha as suas bizarras rotinas, acabando por apaixonar-se por um estranho ser feminino, perdendo-se entre a alucinação e a realidade. Numa reflexão sobre a imortalidade e as fronteiras do real, o teatromosca contempla igualmente as múltiplas ligações entre o Cinema, a Literatura e as Artes Performativas.

“A Ilha de Morel”, espetáculo dirigido por Pedro Alves, com banda sonora original de Surma e interpretação de Cirila Bossuet, Carolina Figueiredo e Milene Fialho, dará sequência ao trabalho mais recente da companhia em torno da fusão entre as  linguagens cinematográficas e as teatrais, depois de “Ned Kelly” — espetáculo vencedor do Prémio Autores para melhor trabalho cenográfico — “Estúdio: Flores” (2020) ou “Maridos” (2021), servindo-se de longas sequências em vídeo que interligam imagens pré gravadas com filmagens em tempo real; jogando com a multiplicidade de planos; ruturas da linearidade narrativa, claramente, sob influência do cinema da Nouvelle Vague; e  locução ou narração descorporalizada.

Com estreia marcada para dia 10 de novembro, no AMAS – Auditório Municipal António Silva, “A Ilha de Morel”, coprodução teatromosca e Cães do Mar, estará em cena até dia 19 de novembro, de quinta-feira a sábado, sempre às 21h00.

Os bilhetes para o espetáculo já se encontram à venda na Ticketline, Seetickets, e locais habituais, com valores que variam entre 5 € e 7 €.

Foto: Catarina Lobo.

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